Por Bloomberg

O projeto para a privatização da estatal está em fase de finalização e será encaminhado ao Congresso até o fim do ano

O projeto que abre caminho para a privatização dos Correios está em fase de finalização no Ministério das Comunicações e será encaminhado ao Congresso até o fim do ano, disse o ministro das Comunicações, Fabio Faria, em entrevista em seu gabinete.

Segundo ele, a venda dos serviços postais brasileiros tem potencial de atrair mais de dez empresas e poderia render cerca de R$ 15 bilhões aos cofres públicos.

Apesar de não andar tão rápido como esperava o ministro da Economia, Paulo Guedes, o BNDES já está trabalhando na modelagem da privatização, após selecionar no mês passado o consórcio responsável pelos estudos técnicos. Um novo programa de demissões incentivadas para reduzir custos também está sendo considerado para tornar a estatal mais atraente para o setor privado.

“Podíamos fazer uma PEC ou um projeto de lei, optamos pelo projeto de lei que deve ser finalizado no Ministério das Comunicações nos próximos 15 dias e enviado ao Palácio do Planalto para ajustes. Até o fim do ano, o Executivo terá feito e entregue o seu dever de casa e o projeto estará no Congresso para ser aprimorado pelos deputados e senadores”, afirmou.

Ainda de maneira informal, disse o ministro, algumas das maiores empresas do setor privado estão de olho na privatização.

“Pelo menos cinco grandes empresas demonstraram a autoridades do governo algum interesse. É obvio que FedEx e DHL vão olhar para essa privatização, assim como Magazine Luiza e Amazon.”

A expectativa do ministro é que o gigante do comércio eletrônico Mercado Livre também entre nessa disputa. Os Correios são responsáveis ​​por entregar mais de 50% do que o Mercado Livre vende e a empresa enfrentou dificuldades nas últimas semanas por causa da greve dos funcionários. “Ninguém falou comigo, mas acho que vão pensar nisso”, disse Faria.

As empresas citadas não responderam imediatamente aos pedidos de comentários quando contatadas pela Bloomberg News. O preço sugerido por Faria para a privatização foi visto como muito otimista por dois ex-funcionários do governo familiarizados com a situação financeira da empresa, que inclui passivos trabalhistas, problemas no fundo de pensão e alto do número de funcionários.

Em meio à pandemia, os funcionários dos Correios entraram em greve, o que dificultou a entrega de encomendas e correspondências. Após mais de 30 dias, o Tribunal Superior do Trabalho determinou que os funcionários voltassem ao trabalho sob pena de multa diária de R$ 100 mil.

Quem assumir o controle da estatal ficará com o ônus e o bônus, segundo o ministro. A compradora terá acesso a um grande mercado, mas será necessário oferecer serviços postais em locais remotos do país. “O fundamental é que o serviço seja universal. Os Correios chegam a 95% das localidades e isso tem que ser mantido, mesmo que o comprador terceirize o serviço em algumas regiões.”

Os Correios registraram prejuízos em série e passaram a ter lucro a partir de 2017.