Delegado-geral Ulisses Gabriel destaca erro de execução em ação que resultou na morte de Thamily Venâncio Ereno
A comunidade de Criciúma, no sul de Santa Catarina, está abalada pela trágica morte de Thamily Venâncio Ereno, estudante de odontologia de 23 anos, ocorrida durante uma operação policial na última sexta-feira (21). Thamily estava em um veículo de aplicativo junto com seu companheiro, Kauan de Oliveira Filastro, de 20 anos, alvo de um mandado de prisão por envolvimento com tráfico de drogas e organização criminosa. Segundo relatos, ao receber ordem de parada, o motorista do aplicativo não obedeceu e teria acelerado em marcha ré na direção dos policiais, que reagiram com disparos. Um dos tiros atingiu a cabeça de Thamily, que foi socorrida e encaminhada ao Hospital São José, onde teve a morte confirmada na madrugada de domingo (23).
O delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, afirmou que a responsabilidade pelo desfecho trágico recai sobre o condutor do veículo e sobre aqueles que envolveram Thamily no mundo do crime. Ele explicou que, ao tentar fugir, o motorista colocou em risco a vida dos agentes, que agiram em legítima defesa. Ulisses classificou o ocorrido como um caso de “aberratio ictus”, termo jurídico que descreve quando uma ação atinge pessoa diversa da pretendida.

A defesa do motorista do aplicativo contesta essa versão, alegando que ele acreditou estar sendo vítima de um assalto, já que os policiais estavam em um veículo descaracterizado e não se identificaram de forma clara. Após ser detido, o motorista foi encaminhado à delegacia, onde, segundo seus advogados, teria sido alvo de uma tentativa de responsabilização indevida pelo ocorrido.
O caso gerou comoção e levantou debates sobre os procedimentos adotados em operações policiais e a segurança de civis durante essas ações. A Ordem dos Advogados do Brasil em Santa Catarina (OAB-SC) manifestou-se, ressaltando a importância de preservar o direito ao contraditório e à ampla defesa, acompanhando de perto as investigações para garantir a transparência e a justiça no processo.
Enquanto isso, familiares e amigos de Thamily lamentam a perda precoce de uma jovem descrita como dedicada e cheia de sonhos. A comunidade acadêmica também está em luto, prestando homenagens e cobrando esclarecimentos sobre as circunstâncias que levaram à morte da estudante. O incidente reforça a necessidade de avaliações criteriosas sobre os protocolos de abordagem policial e a atuação de motoristas de aplicativos em situações de risco, visando evitar tragédias semelhantes no futuro.