Foto: Receita Federal /Divulgação

500 policiais e 25 auditores da Receita Federal participam da ação, realizada simultaneamente em oito estados

A Polícia Federal, Polícia Civil e Receita Federal cumprem mandados de prisão preventiva, busca e apreensão na operação Downfall, deflagrada na manhã desta quinta-feira (4) contra uma organização criminosa ligada ao tráfico internacional e interestadual de drogas na região do Porto de Paranaguá.

No Paraná, os mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos simultaneamente em Curitiba (10) , Matinhos (1), Morretes (2), Pinhais (1), Ponta Grossa (4), Pontal do Paraná (2) e São José dos Pinhais (1).

De acordo com a PF, a região do Porto de Paranaguá era utilizada para movimentação de droga pelos criminosos, que exportavam grandes quantidades de cocaína e outros ilícitos por meio de contêineres. O destino das drogas eram os portos da Europa, segundo a investigação. A administração do Porto de Paranaguá disse que não vai se manifestar porque a operação foi no Terminal de Containers (TCP), de empresa privada.

Prisões

Segundo a Polícia Civil, até às 10h da manhã desta quinta, 28 integrantes da organização criminosa foram presos em flagrante ou preventivamente. As cidades em que os suspeitos foram localizados e detidos não foram divulgadas. Além disso, foram apreendidos 12 veículos, armas, drogas e joias.

Ao todo, 117 ordens judiciais integraram a operação, sendo 30 mandados de prisão preventiva e 87 de busca e apreensão em endereços, além do Paraná, em outros sete estados: Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Goiás e Espírito Santo. A ação foi formada por 500 policiais, com apoio de 25 auditores da Receita Federal.

De acordo com a PC-PR, também foram decretadas medidas patrimoniais de sequestro de imóveis, bloqueio de bens e valores e aplicações financeiras em um valor estimado em mais de R$ 1 bilhão.

De acordo com a Polícia Federal, a organização criminosa possuí uma estrutura logística para operacionalizar as ações de narcotráfico interestadual e internacional, com produção de droga no exterior, ingresso e transporte dentro do Brasil, além da preparação e envio de cocaína utilizando o modal marítimo.

Segundo a PF, a droga produzida pelo grupo tinha como principal destino os portos da Europa, por isso, o crime acontecia principalmente na região de Paranaguá, onde exportavam grandes quantidades de cocaína. De acordo a PC-PR, o grupo ocultava a droga em cargas lícitas, refrigeradores de contêineres e fazia o uso de mergulhadores para inserir a droga em compartimentos submersos dos navios, entre outros métodos. A investigação indicou, ainda, que o lucro da organização criminosa estava sendo usado para investimentos como compra de aeronaves, barcos, empresas, imóveis, armas e munições.

Polícia Federal, Receita Federal e Polícia Civil do Paraná deflagra Operação Downfall — Foto: PCPR
Polícia Federal, Receita Federal e Polícia Civil do Paraná deflagra Operação Downfall – Foto: PCPR

Lavagem de dinheiro e investimento no setor imobiliário

O crime de lavagem de dinheiro também foi investigado pela operação, como o investimento no setor imobiliário no litoral de Santa Catarina, com aquisição de apartamentos de alto padrão e financiamento de outros empreendimentos. As construtoras e empresas do setor envolvidas no esquema também foram alvos da ação, pois, de acordo com a investigação, elas são suspeitas de realizarem negócios jurídicos fraudulentos ou não declarados. Também constataram na investigação o pagamento de imóveis de luxo com altas quantias de dinheiro em espécie.

Homicídios também são investigados

Segundo a PC-PR, a investigação também apurou crimes de homicídio e o aumento de violência relacionado a disputa pelo controle do tráfico de drogas em Paranaguá. Ainda de acordo com a polícia, o responsável pelos crimes tem extensa ficha criminal, sendo suspeito de financiar mortes de integrantes de grupos rivais. O homem, que não teve o nome divulgado, ficou cinco anos foragido, mas foi preso em 2021 em um clínica de cirurgia plástica em São Paulo, onde tentava mudar o rosto.

“A investigação constatou a relação direta da organização criminosa com o aumento da violência em Paranaguá e no litoral, sendo responsável, inclusive, por um atentado com incêndio de dois veículos na Delegacia de Polícia de Matinhos em 16 de abril de 2020, demonstrando o altíssimo grau de periculosidade”, disse a polícia, em nota. Segundo a Delegada da PC, Ana Cristina Ferreira da Silva, o líder da organização atuava no tráfico internacional de drogas.