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Operação da PF aponta irregularidades em descontos a aposentados; governo busca recuperar recursos desviados

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), anunciou sua demissão nesta sexta-feira (2), após a revelação de um esquema de fraude no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que desviou cerca de R$ 6,3 bilhões de aposentadorias e pensões entre 2019 e 2024.

A operação “Sem Desconto”, deflagrada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União, identificou que associações descontavam mensalidades não autorizadas diretamente dos benefícios de aposentados e pensionistas.

Durante a investigação, foram cumpridos 211 mandados de busca e apreensão em 13 estados e no Distrito Federal, resultando em seis prisões e no sequestro de bens avaliados em mais de R$ 1 bilhão.

O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, indicado por Lupi, foi afastado do cargo.

Em nota, Lupi afirmou que sua decisão de deixar o ministério foi motivada pela necessidade de preservar a integridade das investigações e que seu nome não foi citado nas apurações.

“Espero que as investigações continuem e que os responsáveis sejam punidos com rigor”, declarou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitou a demissão e nomeou Wolney Queiroz, atual secretário-executivo da pasta, como novo ministro da Previdência.

Brasília (DF), 02/05/2025 - Wolney Queiroz, novo ministro da Previdência Social. Foto: MPS/Divulgação
Wolney Queiroz assume o Ministério da Previdência Social – MPS/Divulgação

O escândalo gerou críticas ao governo, especialmente pela demora em agir após alertas sobre os descontos indevidos.

Documentos mostram que Lupi foi informado sobre as irregularidades em 2023, mas medidas efetivas só foram tomadas quase um ano depois.

O Palácio do Planalto expressou preocupação com a situação e cobrou explicações do então ministro.

A fraude envolveu entidades que, sem autorização dos beneficiários, realizavam descontos nos benefícios previdenciários.

Entre as organizações investigadas está o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), que tem como vice-presidente José Ferreira da Silva, irmão do presidente Lula.

O sindicato foi alvo de busca e apreensão e teve seu credenciamento suspenso.CNN Brasil

Em resposta, o Sindnapi afirmou apoiar as investigações e que irregularidades devem ser apuradas com rigor.

O governo federal determinou que a Advocacia-Geral da União processe as entidades envolvidas para ressarcir os aposentados lesados.

A operação revelou que algumas associações faturaram bilhões de reais com os descontos indevidos, muitas vezes sem oferecer qualquer serviço aos filiados.

O Ministério da Previdência publicou uma portaria em março endurecendo as regras para descontos em benefícios, exigindo autorização expressa e biometria dos segurados.

Apesar das medidas, a pressão política e a repercussão negativa levaram à saída de Lupi do cargo.

O novo ministro, Wolney Queiroz, assume com a missão de recuperar a confiança na gestão da Previdência Social.

A expectativa é que as investigações avancem e que os recursos desviados sejam recuperados.

O escândalo destaca a vulnerabilidade dos sistemas de controle e a necessidade de maior transparência na administração pública.

A sociedade aguarda respostas e ações concretas para evitar que fraudes como essa se repitam.