
Acusados são investigados por utilizar patrimônio luxuoso oriundo de descontos indevidos em benefícios previdenciários
Na manhã de sexta-feira (12), a Polícia Federal deflagrou a Operação Cambota, desdobramento de uma investigação que mira um esquema bilionário de fraudes no INSS. Entre os bens apreendidos chamam atenção itens de alto valor simbólico do luxo: uma Ferrari, uma réplica de carro de Fórmula 1 e diversas obras de arte, apontando para riqueza ostentatória construída em meio ao suposto desvio.
A operação cumpriu mandados em São Paulo e no Distrito Federal: são duas prisões preventivas e treze mandados de busca e apreensão, todos autorizados pelo Supremo Tribunal Federal. Apura-se obstrução de investigação, organização criminosa, ocultação de patrimônio e dilapidação de bens públicos.
Um dos presos é Antônio Carlos Camilo Antunes, servidor do INSS conhecido como “Careca do INSS”. Ele teria atuado como elo entre sindicatos, associações e membros internos do instituto, viabilizando descontos indevidos sobre benefícios previdenciários. Parte dos valores teria sido destinada a servidores, parentes ou empresas vinculadas.

A Cambota deriva da Operação Sem Desconto, iniciada em abril, que desvendou cobrança de mensalidades associativas não autorizadas diretamente dos proventos de aposentados e pensionistas. O prejuízo estimado às vítimas alcança, entre 2019 e 2024, cerca de R$ 6,3 bilhões.
Mais de 1,6 milhão de pessoas já receberam ressarcimentos, que somam mais de R$ 1 bilhão, com correção monetária. O governo liberou verba emergencial para compensar lesados, e a Advocacia-Geral da União bloqueou ativos relacionados ao esquema.
Enquanto isso, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS intensifica as investigações: quebras de sigilo, pedidos de informação, rastreamento de patrimônio e apurações envolvendo ex-dirigentes, empresas e associações.
As imagens dos bens só reforçam o abismo entre o desgaste enfrentado pelos aposentados e pensionistas e o luxo acumulado por quem supostamente se beneficiou das fraudes. A expectativa é que os próximos passos esclareçam envolvimentos e obriguem reparação ainda mais ampla.
Fonte: G1SP