Projeto da UFSC busca viabilizar produção controlada e abrir espaço para maricultores
Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) estão conduzindo um estudo inédito no país: o cultivo de ouriços-do-mar em condições laboratoriais, com objetivo de torná-los um produto de consumo humano. O projeto, iniciado há cerca de seis meses, já reúne 1,3 mil exemplares juvenis criados em tanques no Laboratório de Moluscos Marinhos.
O desafio é grande. Para obter resultados, os cientistas acompanham diariamente o crescimento dos animais, desde a reprodução induzida até a formação das gônadas, parte comestível e altamente valorizada na gastronomia mundial. O processo inclui a coleta de exemplares adultos, usados como matrizes, a indução da fecundação e a oferta de alimento produzido no próprio laboratório, como microalgas e macroalgas.
Embora pouco conhecido no Brasil como prato, o ouriço é um ingrediente sofisticado em cozinhas internacionais, especialmente na japonesa. Conhecido como “uni”, possui textura cremosa e sabor delicado, sendo presença frequente em sushis e preparações gourmet.
O preço da iguaria impressiona: no exterior, um quilo pode custar até R$ 7 mil, enquanto no Brasil valores próximos de R$ 1 mil já são registrados, com unidades vendidas por cerca de R$ 15.
Segundo o coordenador do projeto, Cássio de Oliveira Ramos, o trabalho pode abrir novas oportunidades econômicas. A estrutura já consolidada da maricultura catarinense, baseada em ostras e mexilhões, poderia facilmente incorporar a criação de ouriços como produto premium.
A expectativa é que, em alguns anos, Santa Catarina não seja apenas reconhecida pela produção de ostras, mas também como pioneira na criação controlada de ouriços-do-mar no país.