
Mulher de Navegantes afirma ter aguardado exames e intervenção atrasada em dois hospitais da região
Uma moradora de Navegantes, no litoral de Santa Catarina, viveu uma experiência angustiante ao perceber que seu bebê de 22 semanas de gestação havia parado de se mexer — e, segundo seu relato, permaneceu cerca de cinco dias com o feto sem vida no útero antes de conseguir atendimento adequado.
O caso envolve dois hospitais da região: o Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Navegantes, e o Hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí. A gestante afirma que, ao procurar ajuda no primeiro hospital, foi informada de que não havia exames de ultrassom com laudo disponíveis no fim de semana, sendo orientada a realizar o exame de forma particular ou aguardar até a segunda-feira.
Sem resposta imediata, ela buscou atendimento no hospital de referência regional, em Itajaí, onde diz não ter sido atendida. Já na segunda-feira, chegou por volta das 7h30 e aguardou horas até o exame, que só foi realizado às 14h15, confirmando o óbito fetal. Segundo seu relato, mesmo após o diagnóstico, houve demora para a indução do parto e falta de acolhimento por parte da equipe, além de ter sido “expulsa” do hospital após reclamar das condições do atendimento.
Em nota, a Prefeitura de Navegantes, por meio da Secretaria de Saúde, informou que a gestante recebeu atendimento na maternidade local, onde o óbito intrauterino já havia sido constatado com 23 semanas de gestação. O Hospital Marieta Konder Bornhausen, por sua vez, confirmou que a paciente foi atendida na madrugada de 19 de outubro e que foi oferecida internação para realização de ultrassom, mas que ela optou por não permanecer em observação.
As versões divergentes entre o relato da mulher e as declarações oficiais geraram forte repercussão pública e mobilização social, reacendendo o debate sobre a qualidade da saúde materna na região. O caso levanta questões sobre protocolos de urgência obstétrica, disponibilidade de exames aos fins de semana e acolhimento humanizado em situações de risco.
Para a mulher e sua família, além da dor da perda, há um profundo impacto emocional e a intenção de buscar reparação judicial por possível negligência. A experiência relatada expõe o descompasso entre protocolos e prática, a falta de agilidade no atendimento e a sensação de desamparo vivida pela paciente.
Especialistas em saúde pública reforçam que episódios como este não são casos isolados, mas reflexos de falhas estruturais no atendimento a gestantes, especialmente em regiões de grande demanda e recursos limitados. Eles defendem que transparência, capacitação profissional e empatia são elementos essenciais para prevenir tragédias evitáveis.
Enquanto as investigações seguem em andamento, o episódio se torna um alerta urgente para a necessidade de valorizar a rede de saúde materna, ouvir com atenção as mulheres e garantir respostas rápidas, humanas e eficazes em momentos de vulnerabilidade.
Fonte: ND+









