Direto da Itália, Tagliaferro prestou depoimento por videoconferência à comissão do Senado – Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

Senadores bolsonaristas usam suspeitas sobre atuação de Moraes para questionar legitimidade do STF e pressionar por proteção ao ex-assessor

A Comissão de Segurança Pública (CSP) do Senado ouviu nesta terça-feira (2) o ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, Eduardo Tagliaferro, por videoconferência, ao mesmo tempo em que se iniciava o julgamento de Jair Bolsonaro no STF por tentativa de golpe de Estado. A iniciativa, conduzida por Flávio Bolsonaro (PL-RJ), tem como objetivo subsidiar uma possível denúncia de fraude processual contra o ministro Alexandre de Moraes.

No depoimento, Tagliaferro trouxe à tona documentos que, segundo ele, mostram atos de subordinação e direcionamento de inquéritos por parte de Moraes. A CSP aprovou na mesma sessão que o relatório resultante seja encaminhado ao presidente do STF, ao TSE, ao CNJ, ao CNMP, à OAB e até ao governo dos Estados Unidos, além de liberá-lo às defesas dos réus ligados aos atos de 8 de janeiro de 2023. Houve também solicitação de proteção para o ex-assessor e sua família.

Aliados de Bolsonaro consideram essas revelações como fatores que comprometem o julgamento, alegando suspeita de “inversão do rito” e contaminação do processo. Para senadores como Damares Alves e Eduardo Girão, as denuncias reforçam pedidos por suspensão do julgamento e abertura de investigação, ou mesmo impeachment de Moraes.

Tagliaferro também relatou que só se sentiu seguro para apresentar as denúncias agora, por temer retaliação em 2022. Ele sugeriu que métodos questionáveis foram utilizados com o fim de direcionar ações judiciais contra alvos pré-determinados.

A programação coincide com a mobilização política em torno do julgamento na 1ª Turma do STF, onde Bolsonaro e outros sete réus enfrentam acusações graves. A pressão pela pauta da anistia também aumenta no Congresso.