
Fiesc alerta que redução no orçamento compromete prazos, manutenção e segurança das estradas
Santa Catarina corre o risco de ver paralisadas ou ainda mais atrasadas as principais obras de rodovias federais que cortam o estado. Isso porque a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026 prevê apenas R$ 506 milhões para investimentos do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), valor considerado insuficiente pela Fiesc (Federação das Indústrias de Santa Catarina).
O corte representa uma queda de mais de R$ 534 milhões em relação ao orçamento de 2023, quando o estado recebeu R$ 1,04 bilhão. Desde então, a verba vem caindo ano após ano: foram R$ 780,8 milhões em 2024, R$ 651,9 milhões em 2025 e agora menos da metade do montante de três anos atrás.
A entidade enviou um documento ao ministro dos Transportes, Renan Filho, destacando a gravidade da situação e solicitando reforço nos repasses. Segundo o presidente da Fiesc, Gilberto Seleme, a redução ameaça diretamente obras fundamentais para a competitividade econômica e para a segurança de motoristas. “Essas rodovias são vitais para a circulação de mercadorias, geração de empregos e arrecadação de tributos. Se o ritmo atual for mantido, ficaremos ainda mais distantes da conclusão de duplicações históricas”, ressaltou.

Estradas mais afetadas
BR-470: precisa de R$ 200 milhões para a duplicação entre Navegantes e Indaial, mas o orçamento previsto é de apenas R$ 50 milhões. A entrega, já adiada várias vezes, segue sem previsão.
BR-280: dos R$ 209 milhões necessários, apenas R$ 80 milhões foram garantidos. Isso pode atrasar novamente a conclusão dos lotes entre a BR-101 e São Francisco do Sul, Guaramirim e Jaraguá do Sul.
BR-163: necessita de R$ 30 milhões para adequação de capacidade, mas receberá apenas R$ 20 milhões.
BR-285: deveria estar concluída até dezembro de 2025, mas apenas 20% da obra foi realizada até agosto. Com os cortes, o atraso é inevitável.
BR-282: receberá R$ 20 milhões, valor insuficiente para ampliar a capacidade entre Palhoça e Alfredo Wagner.
Mobilização política
A Fiesc também enviou pedidos de apoio aos deputados e senadores catarinenses, sugerindo a apresentação de emendas parlamentares para recuperar parte da verba. Para a entidade, o recurso previsto de R$ 327,2 milhões apenas para manutenção e conservação até poderia ser adequado, caso a obra de contenção da BR-285 fosse retirada dessa conta.
Uma reunião entre representantes da Fiesc e o superintendente do DNIT em SC, Amauri Sousa Lima, já está marcada para a próxima terça-feira (7). A expectativa é pressionar por alternativas que evitem novos atrasos.
Enquanto isso, motoristas e comunidades que dependem das estradas vivem a incerteza. Para Seleme, a mensagem é clara: “Precisamos sensibilizar Brasília de que sem infraestrutura não há crescimento sustentável. Santa Catarina não pode pagar essa conta sozinha”.