Lanço de tainhas em Bombinhas - Foto: Divulgação

De águas argentinas ao Norte do Brasil, entenda o caminho das tainhas

As tainhas, populares em Florianópolis, são protagonistas de um intrigante fenômeno migratório que as leva da Argentina ao Norte do Brasil. O doutor em Aquicultura e supervisor do Laboratório de Piscicultura Marinha da UFSC, Caio Magnotti, explicou a relevância ecológica e os detalhes da pesca da tainha.

Diversidade de Espécies

No Brasil, a principal espécie de tainha é a Mugil liza, embora existam várias outras espécies. “O termo tainha é genérico. No grupo dos Mugilidae, temos cinco ou seis espécies diferentes no país, mas a maioria vive nos rios”, esclarece Caio.

Em Santa Catarina, além da Mugil liza, há a Mugil curema, facilmente identificável pela “bochecha” amarela. As tainhas que vão para o mar aberto, alvo principal da pesca, são predominantemente da espécie Mugil liza.

Migração e Diferenças Populacionais

Anteriormente, as tainhas de mar aberto eram classificadas em duas espécies: Mugil liza e Mugil platanus. Contudo, estudos genéticos de 2010 revelaram que ambas pertencem à mesma espécie, a Mugil liza, mas são populações distintas. “As tainhas do Sul migram da Argentina, Uruguai e Lagoa dos Patos para o Norte do país, enquanto a população de São Paulo realiza migrações menores”, explica Caio.

Aparição de Tainhas Gigantes

A presença de tainhas gigantes em Florianópolis tem intrigado pescadores. Segundo Caio, esses peixes provavelmente vêm de áreas ao Sul, como a bacia do Rio da Prata. A pesca industrial, focada em águas profundas, captura esses exemplares maiores.

“A pesca industrial tende a capturar peixes maiores, conhecidos como lombo preto. Essas tainhas maiores geralmente vêm de regiões mais profundas e distantes, como a Lagoa dos Patos e a Argentina”, comenta Caio.

Importância Ecológica

Além do valor econômico, as tainhas desempenham um papel crucial no ecossistema marinho. Elas ajudam na oxigenação e renovação da água ao revirar o solo em busca de alimento, e servem como fonte de alimento para diversas espécies, como tubarões e golfinhos.

“Elas têm uma importância significativa, tanto ambientalmente, ao melhorar a qualidade da água e do solo, quanto como alimento para predadores marinhos”, conclui Caio.