Necropsia detalha impacto da queda de 70 metros; menina, portadora de TEA e escoteira, foi velada em Curitiba em meio a grande comoção
Na tarde de quinta-feira (10), Cambará do Sul perde não apenas uma visitante, mas uma alma vibrante. Nesta sexta-feira (11), o laudo oficial confirmou que a pequena Bianca Bernardon Zanella, de apenas 11 anos, sofreu politraumatismo — múltiplas fraturas e lesões graves — após despencar de cerca de 70 metros no Cânion Fortaleza.
A jovem de Curitiba, portadora do Transtorno do Espectro Autista (TEA), nível 2/3, e da rara Síndrome de Smith-Magenis, encantava todos por sua curiosidade e alegria. Como parte da Alcateia Kaa, do Grupo Escoteiro Santos Dumont, ela era conhecida como uma “lobinha dedicada”, sempre disposta a ajudar e a seguir a trilha com entusiasmo.
Familiares e amigos continuam reunidos em dor e lembrança: no velório, realizado em Curitiba, é impossível conter as lembranças emocionadas. Um tio, com voz embargada, recordou a garotinha em casa, rindo enquanto procurava um cantinho para ler, sempre ligeiramente dispersa, porém curiosa com tudo ao seu redor.
O resgate, que durou dez horas, envolveu guarnições da Polícia Civil, equipes especializadas e drones. Quando foi finalmente localizada, por volta das 22h, já era madrugada — o clamor de esperança transformado em silêncio dolorido.
A postagem do Grupo Escoteiro Santos Dumont falava por si: “Bianca deixou sua luz em cada passo na trilha da Alcateia Kaa… Sua alegria permanecerá viva em nossos corações.” Em redes sociais, dezenas de amigos compartilharam fotos: ela segurando folhas, ajudando colegas menores e sorrindo em uniforme, símbolos de um espírito leve e solidário.
Agora, o olhar se volta para além do luto. Especialistas e moradores pedem revisão imediata da sinalização e instalação de barreiras de segurança no mirante, questionando se a estrutura atende a padrões mínimos para prevenção de acidentes.
O corpo de Bianca foi velado na Capela Vaticano e, ainda hoje, segue para cremação em Almirante Tamandaré, em cerimônia restrita à família. Os horários foram mantidos em sigilo, a fim de preservar a intimidade do momento.
Em meio ao desamparo, brilha uma imagem: crianças do grupo escoteiro formando um círculo ao redor de sua urna simbólica, velas acesas, sob o olhar de seus pais, que retomam a luta por reformas urgentes no Cânion e pedem que o nome de Bianca seja lembrado como chama que ilumina futuros mais seguros.