Polícia Civil amplia apurações e governo catarinense endurece discurso após confrontos que pararam a rodovia
Desde a manhã de 4 de dezembro, quando torcedores do Santos armaram uma emboscada contra um ônibus do Internacional na BR-101, em Itapema, o caso segue gerando repercussão, desdobramentos policiais e novas ações articuladas entre Estado, município e órgãos federais. O episódio, descrito pelas autoridades como uma agressão “planejada” e não um confronto espontâneo, envolveu cerca de 200 pessoas e mobilizou grande aparato de segurança pública.
A operação teve início pouco depois das 10h10, quando a Guarda Municipal de Itapema, a Polícia Militar e a Polícia Rodoviária Federal foram acionadas para conter a violência no km 148. De acordo com as forças de segurança, torcedores do Santos desceram de seus ônibus, cruzaram a rodovia em meio ao trânsito e iniciaram o ataque utilizando pedras, barras de ferro e materiais furtados de uma obra próxima. A intensidade da ação foi tamanha que parte da barreira metálica que divide as pistas acabou derrubada, deixando o trecho parcialmente destruído.
O ônibus do Internacional, completamente depredado, ficou sob escolta da PRF, que atuou para garantir proteção e organizar o retorno dos torcedores gaúchos. O motorista, ainda abalado, relatou ter tentado recuar pela contramão para escapar da emboscada, mas acabou colidindo com uma carreta enquanto o veículo era atingido por rojões, pedras e artefatos improvisados.
Embora o confronto tenha sido controlado por volta das 11h — graças à ação coordenada entre GM, PM, PRF e apoio aéreo da Polícia Militar — os impactos na cidade duraram horas. A BR-101 permaneceu com trânsito lento e bloqueios intermitentes devido aos ônibus parados, ao acúmulo de curiosos e às barreiras de revista. Os torcedores do Santos foram mantidos na pista para identificação individual, procedimento que se estendeu ao longo do dia.
Na área da saúde, os reflexos da violência também foram significativos. O Hospital Santo Antônio recebeu três torcedores do Internacional, identificados como G.G.C., de 33 anos; W.L.L., de 42 anos; e J.F.S., de 70 anos. Eles foram atingidos por rojões e artefatos explosivos lançados durante o ataque. Dois deles — W.L.L. e J.F.S. — estavam em observação, mas deixaram o pronto atendimento sem liberação médica. Já G.G.C. recebeu alta após avaliação. Na UPA de Itapema, outros três torcedores, desta vez do Santos, passaram por atendimento após mal-estar durante as revistas. Todos foram liberados.
As prisões ocorreram após um processo de reconhecimento no próprio canteiro central da rodovia, onde dezenas de torcedores permaneceram ajoelhados com as mãos na cabeça enquanto equipes de segurança realizavam identificação e triagem. Dez homens foram detidos e encaminhados à Polícia Civil, que abriu investigação por lesão corporal leve, dano qualificado, associação criminosa e envolvimento em ação violenta ligada a torcidas organizadas.
A repercussão oficial ganhou força ao longo do dia. O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, classificou os envolvidos como “um bando de abobados” e determinou investigação rigorosa, reforçando que o Estado não tolerará ações desse tipo. “Já mandei levantar tudo: quem os trouxe, autorizações, quem organizou. Não são bem-vindos nem para atravessar o Estado”, afirmou.
A Prefeitura de Itapema também reforçou que o município mantém protocolo rígido de ordem pública e seguirá atuando em cooperação com as autoridades estaduais e federais para garantir a segurança de moradores e visitantes, especialmente em situações que envolvem grande fluxo de pessoas.
Com novos depoimentos, laudos médicos e o andamento do inquérito, o caso segue em apuração, e o governo estadual promete responsabilização exemplar para evitar que episódios semelhantes voltem a ocorrer nas rodovias catarinenses.
Torcidas de Santos e Internacional provocam confusão e fecham BR-101 em Itapema
